sexta-feira, 20 de maio de 2011

Renata Alves: "Sou simplesmente apaixonada pelo que faço"



(Foto: Arquivo Pessoal)

Uma nordestina arretada. Ela nasceu em Recife (PE), mas mora em Aracaju (SE) desde os 3 anos de idade, e se diz uma apaixonada pelo estado do Sergipe. Começou a carreira há 6 anos em uma emissora de rádio. Hoje, aos 30 anos, dona de matérias inusitadas, sua imagem é constante na telinha da “Rede Record de Televisão”.

Como começou sua carreira?

Comecei em uma rádio de Aracaju, apresentando o jornal e uns boletins informativos. Um ano depois, entrei de vez na tevê, que era o meu foco desde a universidade. Passei rapidamente pela TV Sergipe afiliada a Rede Globo, até que fui contratada pela TV Atalaia que na época era afiliada ao SBT hoje Record, então eu já aparecia no SBT Brasil com a Ana Paula Padrão, já me destacava como repórter núcleo rede, com a chegada da Record em Sergipe eu tive mais oportunidades de apresentar o meu trabalho para todo o país e o mundo com a record internacional. Passei por diversos quadros nos programas Tudo a ver, Programa da tarde com a minha querida amiga Maria Cândida, até me fixar no Domingo Espetacular que estou até hoje, e ainda ganhei espaço no programa Câmera Record News do canal de notícias da Record. Sempre tive certeza de que queria trabalhar fazendo reportagens. É muito bom quando você se realiza com o que faz. E eu sou simplesmente apaixonada pelo que faço.

Tem ideia de quantas matérias já fez?

Não, mas tenho uma memória boa quanto a lembrar de cada pessoa que encontrei fazendo reportagens. Cada matéria é especial, sempre conheço pessoas espetaculares. Mas gosto muito quando faço reportagens com pessoas de mais idade. Como o Seu Moisés, que vive isolado em uma gruta, no Ceará. Ele nunca havia tirado uma foto e ficou super empolgado quando viu fotos tiradas com o celular. Tirou várias fotos com toda a equipe, voltamos para a cidade imprimimos a foto e no outro dia levamos para ele. Foi a foto mais difícil e mais gratificante que já entreguei a alguém, e ele, claro, transbordava de felicidade. Tem também a Zabé da Loca, uma senhorinha linda, tocadora de pífano. Na hora de ir embora, ela se distanciou um pouco e ficou sentada em uma grande pedra. Fui até lá e ela me deu um abraço muito apertado e disse: “Adorei te conhecer, não vai embora não”. A outra foi em uma comunidade quilombola, no Jalapão, onde as mulheres se reuniram e cantaram uma música para mim. Inesquecível.

Quais as matérias mais inusitadas?

Tem algumas matérias que você para e diz: “Meu Deus, o que é isso?” As mais inusitadas quase sempre são no Nordeste. “Eita” povo que inventa moda. Aí é só colocar uma pitada de irreverência, alegria, pronto, a matéria é sucesso com certeza. A corrida de galinha em PE e a corrida de jegue, em Pernambuco. A festa do quiabo, em que o povo sai deslizando naquela gosma. A festa das cabacinhas ambas em minha terra natal Sergipe, a primeira em Canindé do são Franscisco e a segunda em Japaratuba. O fuscarroça, em que um cavalo sai puxando metade de um fusca. O bom é que nessa profissão é uma surpresa atrás da outra. E sempre digo: pensei que já tivesse visto de tudo. Depois de algumas matérias assim, sei que sempre terei uma novidade a descobrir.

Você demonstra nas reportagens que realmente se diverte enquanto trabalha, é isso mesmo?

Não é impressão, eu realmente me divirto muito. Entro nas reportagens de corpo e alma. Procuro dar o melhor de mim, contar aquela história da maneira mais simples possível. A forma que você trata um entrevistado também é essencial para o sucesso da matéria. Não adianta ficar o tempo todo com o terninho e salto no friozinho do ar condicionado do carro e só sair apenas quando tudo estiver montado para gravar porque a resposta que seu entrevistado vai te dar será tão superficial como a forma com que você o tratou. O afeto, a conversa, o cafezinho na casa do seu Zezinho com certeza quebram o gelo. Sei que para quem não está acostumado não é nada fácil encarar uma câmera e um microfone, por isso todo o tratamento dado antes da entrevista fará toda a diferença no resultado da matéria.

Recentemente você fez matérias no exterior. É difícil um jornalista do Nordeste conseguir esse êxito - normalmente são do eixo Rio- São Paulo. Como foi essa experiência?

A experiência foi maravilhosa. Meramente resultado de um trabalho. Em qualquer profissão é necessário ir a fundo no que se faz. Quando a gente trabalha sem se preocupar se é melhor do que A ou B e tem humildade na essência, com certeza dará a volta ao mundo.

Seu sotaque é algo peculiar. Mesmo fazendo matérias nacionais, essa sua característica é bem forte no sentido de manter as origens. Acredita que o sotaque é que te deixa também tão próxima do público?

Se tem algo que tenho orgulho é das minhas raízes. Simplesmente amo ser nordestina. E o meu sotaque é muito próprio da minha região. Sei que sou uma privilegiada, uma exceção no meio jornalístico. Afinal de contas, podemos contar nos dedos os profissionais que preservam o sotaque. Com certeza essa é a minha grande marca e será para sempre. E o público adora. Sempre que vou para a região Sul, Sudeste, o pessoal diz: “Como ela fala bonitinho”. Acho engraçado e penso: “Como eles também falam bonitinho”. O Brasil é grande demais para ter apenas três eixos: Rio, São Paulo e Brasília como principais “sonoridades”.

Como você é no dia a dia?

Simplemais. Gosto muito de ficar emes d casa, não sou de balada. Fico tanto tempo fora que quando estou em Aracaju quero aproveitar para curtir meu marido, meus amigos, minha família, minhas cachorrinhas. Considero a família a base de tudo. É nela que me apoio, que recupero as energias para a próxima missão. Tenho um marido que respeita o meu trabalho, isso é fundamental, afinal de contas, passo muito tempo longe de casa. “painho” e “mainha” (pai e mãe) têm um orgulho danado de mim. É muito bom se sentir amada, e isso tenho plena certeza de que sou.

O que essa profissão representa para você?

Realização. O melhor é que a gente conhece tanta história de vida e sempre consegue tirar uma bela lição.

Você tem noção do quanto é querida, tanto pelo público quanto pela classe jornalística?

Olha, pelo público sinto isso na rua. Quando a equipe chega para fazer a matéria, as pessoas se sentem íntimas, param e conversam mesmo, querem falar sobre as reportagens, beijam, abraçam, tiram fotos. Jamais pensei um dia chegar a receber tanto carinho das pessoas, mas é muito gratificante. Antes pensava que esse tipo de demonstração só acontecesse com artistas. Dos amigos de profissão é o indicador que se está no caminho certo, que em meio a muitos profissionais excelentes você se destacou de alguma maneira. Fico realmente lisonjeada.

Tem algo que queira acrescentar?

Só queria agradecer a tanto carinho e respeito que tenho recebido de todo o Brasil. Quero continuar levando alegria, mostrando pessoas especiais, criativas, o povo brasileiro do jeito que ele é. Então, “bora” lá comigo?


Por Elliana Garcia
Postado pelo Arca Universal do Grupo Record de Comunicação