sexta-feira, 7 de março de 2014

"Não dava mais pra ficar só naquilo, fechado no mês de junho", diz Pierre Feitosa após mudança para TV Atalaia

Por Leonardo Dias



As histórias de personagens que mantém viva a cultura sergipana serão retratadas agora durante todo o ano pelo ator e apresentador Pierre Feitosa. A novidade poderá ser conferida na tela da TV Atalaia, afiliada a Rede Record, durante as tardes de sábado.


(Foto: Arquivo/ANS)

O anúncio da transição de emissora foi feito na última quinta-feira, 27, pelo próprio apresentador durante o lançamento do programa intitulado por “É, meu Fio!”, nome inspirado no bordão já conhecido pelo telespectador sergipano. Isso porque há 12 anos, o ator Pierre Feitosa foi presença alegre e irreverente no quadro São João da Gente, veiculado durante o período junino no telejornal SE TV 1ª Edição, da TV Sergipe, afiliada a Rede Globo.




 (Foto: Blog Projeto Memórias)

E é a mesma fórmula utilizada no quadro São João da Gente, com muito humor e criatividade, que Pierre pretende atuar no seu novo projeto, o É, meu Fio, que terá meia hora de duração, sendo veiculado às 14h30. Em entrevista ao Blog Nordeste em Pauta, o ator Pierre Feitosa falou da nova fase de sua carreira, bem como a expectativa em torno da estreia do seu programa, o “É meu Fio”, na TV Atalaia.

Nordeste em Pauta: Como surgiu a proposta de migrar para a TV Atalaia?
Pierre Feitosa : “A proposta já existia de uns dois ou três anos atrás, mas foi depois do ano passado, 2013 que eu vi que não dava mais pra ficar só naquilo, fechado no mês de junho com tanta coisa pra mostrar. Existia também uma cobrança do público para um programa anual. Na programação da Globo existe muito pouco espaço para programas locais e também, depois de 12 anos, o assunto já estava esgotando e foi baseado nisso que eu decidi parar”.

Nordeste em Pauta: Como foi para você, após 12 anos de carreira na TV Sergipe com o São João da Gente, abandonar tudo e passar a apostar em um novo produto, em uma nova emissora?
Pierre : “Lembrei então das propostas da TV Atalaia e ai procurei, Humberto Alves, diretor do programa e cinegrafista, pra um conselho e ai ele disse, "acho que ainda esta de pé", vamos falar com Delio Matos que é o diretor financeiro do programa, a nós também se juntaram, Marcelo Couto, diretor de marketing do programa e Adriana como produtora. Tive duvidas, incertezas mas a vida segue e apostar é sempre bom. É um atendimento ao público que me cobrava um espaço maior e o ano todo”.

Nordeste em Pauta: O que o público que te acompanha poderá acompanhar de novidades no programa É meu fio!?. Dá para detalhar o que o programa de estreia irá abordar?
Pierre : “O programa segue uma linha popular e vai falar da arte, cultura e curiosidades do povo sergipano, com esse leque e sendo o ano todo as possibilidades são muitas, muito assunto pra abordar e muita coisa pra mostrar. A irreverência continua, o humor e a descontração, nosso cenário é natural, o programa vai aonde o assunto esta e com mais informação e fundamento, nas matérias vamos incorporar depoimentos de técnicos, historiadores, pesquisadores e o povo com a sua sabedoria e experiência. O cuidado com áudio, fotografia e acabamento é fundamental para que possamos levar até o público um programa de qualidade que possa encher os olhos de quem assiste”.

Nordeste em Pauta: Você se sente realizado com a sua carreira na TV? O que você pretende alcançar agora na TV Atalaia?
Pierre: “Eu confesso que a vida foi quem dominou o meu destino, pensei sempre em ser ator e continuar no teatro, até que fui convidado pela Professora Aglaê Fontes para apresentar o concurso de quadrilha junina do Centro de Criatividade, foi morrendo de vergonha e deu certo, mas nunca esteve nos meus planos ser apresentador, o mesmo aconteceu com a televisão, foi convidado pelo produtor Fernando Petrônio pra um projeto, deu certo e eu continuei e assim me tornei apresentador de televisão”.

Nordeste em Pauta: Você percebe esse carinho todo do público na rua?
Pierre: “Tenho a honra e uma satisfação imensa de ser acolhido pelo publico que sempre se dirige a mim com uma palavra de carinho é pra eles que eu trabalho, a minha pretensão é levar um produto de qualidade e poder mostrar o que é nosso, enquanto sergipano e nordestino, se der certo ai só o destino e o público é quem vai dizer o alcance, como não sou dono de nenhum dos dois, me junto a eles e vamos embora. É, MEU FIO (risos)”, finaliza.

quarta-feira, 5 de março de 2014

O sub mundo do forró eletrônico

Mudanças no gênero musical trazem à tona possíveis crises


por Leonardo Dias

(Wesley Safadão, vocalista do Garota Safada / Foto: GShow)


Como tudo na vida, o que é bom passa. O atual momento vivenciado no cenário do forró eletrônico não é dos melhores. As constantes mudanças no quadro de vocalistas das bandas, bem como a inserção de músicas em repertório sem os direitos autorais de compositores está levando a um dos mais tradicionais estilos musicais da região Nordeste a estancar uma crise.


Sem forças para se manter em alta, o forró eletrônico vem sendo obrigado a trabalhar com canções de baixo escalão, que na maioria das vezes incitam a depravação da mulher, e o consumo de bebidas alcoólicas, além de trazer em seu contexto a traição de um relacionamento como foco, que desencadeia em brigas e uma possível separação do casal.

(Sertanejo universitário é a atual febre musical no Brasil / Foto: Lemesan)


Não é de hoje que um dos gêneros musicais mais populares do país passa por um período de altas e baixas. O fato é que assim como no mercado do axé music, o forró também vem perdendo espaço para o novo sertanejo, ou sertanejo universitário - como é mais conhecido -, que sob grande aceitação se tornou o estilo musical mais executado em rádios do Brasil, com 70%, segundo pesquisa promovida pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

( Xand Avião e Solange Almeida, vocalistas do Aviões do Forró/ Blog Miruna)


A verdade é que o mercado forrozeiro se transformou em um verdadeiro negócio lucrativo, onde o dinheiro fala mais alto, e acaba contribuindo para a não consolidação do gênero no cenário nacional. Difícil mesmo nos dias de hoje é assistir a uma apresentação de um grupo de forró e não presenciar pequenas rixas entre cantores forrozeiros nos palcos. Tudo isso para ostentar o poder que as bandas exercem sob os forrozeiros.

Entra e sai de vocalistas

(Cantores do Calcinha Preta durante participação do programa Encontro, na TV Globo / Foto: Mais Forró)


O São João nem chegou, e com ele mudanças já podem ser vistas em bandas de forró. A banda Calcinha Preta entrou no ano de 2014 com mudanças na sua formação. Ela decidiu apostar novamente no romantismo para fisgar o público que perdeu há alguns anos. A prova disso: não mediu esforços para trazer de volta à banda sergipana os cantores Paulinha Abelha e Marlus. 

(Os ex-vocalistas do Forró do Muído, Márcia Fellipe e Felipe Lemos / Foto: Itabaiana Cds)


Em contra partida, as bandas pertencentes a A3 Entretenimento, vêm sofrendo para manter os seus vocalistas. É o caso do Forró do Muído que perdeu em janeiro deste ano dois grandes cantores. Trata-se do Felipe Lemos, que optou em seguir carreira solo, e a Márcia Fellipe que formará dupla com o cantor Yoranes Cavalcante, a frente do Forró da Curtição.

A crise também afetou a banda pernambucana Limão com Mel. Após a saída conturbada da cantora Aline Ataíde em setembro do ano passado, o ano de 2014 se iniciou com muita tristeza para os fãs do grupo após o anúncio da saída da cantora Ohara Ravick, que optou em seguir carreira no Axé Music. Como se isso não bastasse, a cada dia aumenta os rumores da possível saída do cantor Batista Lima do grupo.

Modelo de mercado engessado

(Zé Cantor e Taty Girl, vocalistas do Solteirões do Forró / Foto: Vila Mix Blog)


O modelo de mercado exercido por empresários e donos de eventos espalhados por cidades nordestinas tem feito com que muitas bandas não decolassem nas cidades onde grupos já consolidados no mercado atuam. Isso porque as grandes bandas acabam se aproveitando da boa fase de grupos que ainda estão emplacando. Deste modo, elas inserem canções em seus repertórios, impossibilitando o crescimento de bandas pequenas. A ação já é conhecida como a máfia do forró.

Toda regra e sua exceção

(Banda Bonde do Brasil durante participação no programa do Ratinho, do SBT / Foto: Portal Eu Sou Forrozeiro)


Por outro lado, bandas do forró eletrônico que não alteraram a sua pegada no decorrer dos anos e trazem consigo o romantismo, acabaram sendo destaque no mercado. É o caso da banda paraibana Bonde do Brasil, que passou a ser conhecida nacionalmente após lançar o hit “Meu amor voltou”. Passados nove meses após o seu lançamento, a banda ainda colhe os bons frutos do trabalho e continua emplacando outros hits nas rádios do Norte e Nordeste do país. Além disso, o grupo participou de vários programas de TV em rede nacional, como também teve uma de suas canções regravadas por cantores de peso da música sertaneja como Léo Magalhães e passou a ser executada nos shows do sertanejo Gusttavo Lima.