por Leonardo Dias
Cantores sergipanos durante gravação de musical para TV (Foto: Thaís Nogueira)
Não é novidade alguma para os sergipanos que o
mercado de shows e eventos no Estado, o denominado ramo do ‘entretenimento’, é exercido
sob grande monopólio entre os empresários sergipanos. Se apresentar em eventos
públicos e privados tem se tornado um verdadeiro desafio para os cantores
locais nos últimos anos.
Em Sergipe, o monopólio dos "esquemões" de shows é
formado por seis grupos empresariais. A matéria publicada da edição 1600 do
jornal Cinform, que denuncia toda a máfia dos empresários, só comprova a tese
de que no menor Estado da federação, manda que tem dinheiro. Fator este que tem
contribuído para a não consolidação dos artistas locais no cenário musical.
O cantor e sanfoneiro, Erivaldo de Carira, denuncia que as prefeituras municipais juntamente com as empresas organizadoras de shows e eventos estão dando preferência a contratar grupos musicais de outros estados.
“Continua a mesma coisa, é
que apenas tocamos no são João, passou esse período ficamos sem fazer shows.
Acontece que no interior, nas festas, você só vê na programação nomes de bandas
de fora, e nós não entramos. É a questão das empresas bancarem as campanhas dos
prefeitos, e quando eles se elegem deixa esses empresários organizarem as
festas por quatro anos, e ficamos de fora mais uma vez”, relata.
A mesma dificuldade em fechar shows é compartilhada
pelo cantor João da Passarada. Segundo ele, os artistas da terra vêm encontrando
dificuldades para fechar shows no Estado, em função do monopólio exercido pelos
grandes empresários. Em meio à problemática enfrentada, a categoria decidiu
cobrar do secretário da cultura de Aracaju, Joselito Vitale, o Nitinho, uma
maior valorização dos músicos sergipanos.
“Estamos
tentando abrir o olho e alertar o secretário da cultura do município, Nitinho,
para valorizar o artista, o artista da terra, e parar de fazer descaso com o
músico de Sergipe. Ele entrou na cultura dizendo que seria nosso amigo, e de
repente ficou contra nós, fazendo até mangação do nosso cachê”, disse o cantor
João da Passarada.
O cantor Zito Costa (Foto: Arquivo Pessoal)
Do município de Itabaiana, na região Agreste do Estado, encontramos o cantor Zito Costa da dupla de forró pé-de-serra, Zito Costa & Rafael. Ele conta que somente este ano, apenas conseguiu fechar seis shows.
“A média máxima de shows em um ano é de cinco, seis
apresentações. Não tem como tocarmos, os grandes empresários não deixam, eles
acabam tendo os direitos de exclusividade dos eventos do Estado, e sem a carta
de exclusividade, não temos como trabalhar”, conta Zito Costa.
Vocalistas da banda Calcinha Preta durante gravação do programa Legendários, na Record (Foto: Divulgação)
Nem mesmo a banda de forró eletrônico Calcinha
Preta, considerada há mais de uma década e meia, como uma das principais bandas
de forró do gênero, consegue se apresentar com frequência na capital sergipana. O último show do grupo de forró realizado em
Aracaju foi no mês de junho, durante o Forró-Caju.
“É impressionante, por questões de rixas entre
empresários, o povo sergipano acaba ficando sem conferir as apresentações da
Calcinha Preta, uma banda da terra, genuinamente sergipana, que representa
muito bem por sinal o nosso Estado, a nível nacional e porque não dizermos
internacional, com as suas turnês, e a banda não consegue de jeito algum, ter o
reconhecimento dos empresários e do público sergipano”, disse o jornalista, Welder
Ban.