Mudanças no gênero musical trazem à tona possíveis crises
por Leonardo Dias
Como tudo na
vida, o que é bom passa. O atual momento vivenciado no cenário do forró
eletrônico não é dos melhores. As constantes mudanças no quadro de vocalistas
das bandas, bem como a inserção de músicas em repertório sem os direitos
autorais de compositores está levando a um dos mais tradicionais estilos
musicais da região Nordeste a estancar uma crise.
Sem forças para
se manter em alta, o forró eletrônico vem sendo obrigado a trabalhar com
canções de baixo escalão, que na maioria das vezes incitam a depravação da
mulher, e o consumo de bebidas alcoólicas, além de trazer em seu contexto a
traição de um relacionamento como foco, que desencadeia em brigas e uma
possível separação do casal.
(Sertanejo universitário é a atual febre musical no Brasil / Foto: Lemesan)
Não é de hoje
que um dos gêneros musicais mais populares do país passa por um período de
altas e baixas. O fato é que assim como no mercado do axé music, o forró também
vem perdendo espaço para o novo sertanejo, ou sertanejo universitário - como é
mais conhecido -, que sob grande aceitação se tornou o estilo musical mais
executado em rádios do Brasil, com 70%, segundo pesquisa promovida pelo
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
( Xand Avião e Solange Almeida, vocalistas do Aviões do Forró/ Blog Miruna)
A verdade é que
o mercado forrozeiro se transformou em um verdadeiro negócio lucrativo, onde o
dinheiro fala mais alto, e acaba contribuindo para a não consolidação do gênero
no cenário nacional. Difícil mesmo nos dias de hoje é assistir a uma
apresentação de um grupo de forró e não presenciar pequenas rixas entre
cantores forrozeiros nos palcos. Tudo isso para ostentar o poder que as bandas
exercem sob os forrozeiros.
Entra
e sai de vocalistas
(Cantores do Calcinha Preta durante participação do programa Encontro, na TV Globo / Foto: Mais Forró)
O São João nem
chegou, e com ele mudanças já podem ser vistas em bandas de forró. A banda
Calcinha Preta entrou no ano de 2014 com mudanças na sua formação. Ela decidiu
apostar novamente no romantismo para fisgar o público que perdeu há alguns
anos. A prova disso: não mediu esforços para trazer de volta à banda sergipana os
cantores Paulinha Abelha e Marlus.
(Os ex-vocalistas do Forró do Muído, Márcia Fellipe e Felipe Lemos / Foto: Itabaiana Cds)
Em contra
partida, as bandas pertencentes a A3 Entretenimento, vêm sofrendo para manter
os seus vocalistas. É o caso do Forró do Muído que perdeu em janeiro deste ano
dois grandes cantores. Trata-se do Felipe Lemos, que optou em seguir carreira
solo, e a Márcia Fellipe que formará dupla com o cantor Yoranes Cavalcante, a
frente do Forró da Curtição.
A crise também afetou a banda pernambucana Limão com Mel. Após a saída conturbada da cantora Aline Ataíde em setembro do ano passado, o ano de 2014 se iniciou com muita tristeza para os fãs do grupo após o anúncio da saída da cantora Ohara Ravick, que optou em seguir carreira no Axé Music. Como se isso não bastasse, a cada dia aumenta os rumores da possível saída do cantor Batista Lima do grupo.
Modelo de mercado engessado
O modelo de
mercado exercido por empresários e donos de eventos espalhados por cidades
nordestinas tem feito com que muitas bandas não decolassem nas cidades onde
grupos já consolidados no mercado atuam. Isso porque as grandes bandas acabam
se aproveitando da boa fase de grupos que ainda estão emplacando. Deste modo,
elas inserem canções em seus repertórios, impossibilitando o crescimento de
bandas pequenas. A ação já é conhecida como a máfia do forró.
Toda regra e sua exceção
(Banda Bonde do Brasil durante participação no programa do Ratinho, do SBT / Foto: Portal Eu Sou Forrozeiro)
Por outro lado,
bandas do forró eletrônico que não alteraram a sua pegada no decorrer dos anos
e trazem consigo o romantismo, acabaram sendo destaque no mercado. É o caso da
banda paraibana Bonde do Brasil, que passou a ser conhecida nacionalmente após
lançar o hit “Meu amor voltou”. Passados nove meses após o seu lançamento, a
banda ainda colhe os bons frutos do trabalho e continua emplacando outros hits
nas rádios do Norte e Nordeste do país. Além disso, o grupo participou de
vários programas de TV em rede nacional, como também teve uma de suas canções
regravadas por cantores de peso da música sertaneja como Léo Magalhães e passou
a ser executada nos shows do sertanejo Gusttavo Lima.
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